QUEM CONFIRMA O PASTOR É A OVELHA.

02-09-2010 10:45

"Quem faz o pastor é sua ovelha" (Regras Beatitudes).


Pastorear não é só uma missão, um ofício, um trabalho momentâneo. Pastorear é, antes de tudo, uma arte.


"Ele aplica o seu coração em aperfeiçoar a sua obra, e põe um cuidado vigilante em torná-la bela e perfeita. O mesmo sucede com o oleiro que, entregue à sua tarefa, gira a roda com os pés, sempre cuidadoso pela sua obra; e todo o seu trabalho (visa a produzir) uma quantidade (determinada). Com o seu braço dá forma ao barro, torna-o maleável com os pés, aplica o seu coração em aperfeiçoar o verniz, e limpa o forno com muita diligência". (Eclo. 38, 31-24)


O artista tem valor não pelo seu conhecimento, perspicácia ou sabedoria humana. O preço do artista está no código de barras do vaso que ele fez, na etiqueta do quadro que ele pintou, nas parcelas do leilão da escultura que ele modelou.

Assim é o pastor das ovelhas do Senhor: a qualidade final da ovelha denunciará de que material o pastor é feito. Pastores feitos de paz, geram ovelhas de paz. Pastores tensos, geram ovelhas tensas. Pastores que não sabem rir, geram ovelhas feias. Pastores que não cantam, geram ovelhas silenciosas. Deus dá o Dom do pastoreio mas, é a ovelha confirma o seu verdadeiro o pastor.

Pastores curados por Jesus costumam agir com zelo antes de uma correção. Todo pastoreio requer muito tempo de oração e de discernimento. E, se a correção for necessária, ela deve ser cautelosa e indicativa ou seja, deve indicar um caminho de libertação da ovelha.

Há uma mania terrível na Igreja: fazer correções pessoais no meio de uma missa ou durante uma pregação. Isso não é pastorear. Pessoas que se utilizam deste subterfúgio são pessoas medrosas que não conseguiram ainda amar as sua ovelhas.

O pastor não espanta suas ovelhas. Ele as atrai. Muitas vezes quebra suas pernas mas nunca, nunca as distância de seus braços.

Um pastor não julga. Um pastor não desorienta suas ovelhas. Um pastor não dá uma correção sem oferecer um caminho mais seguro. Por isso esse bando de ovelhas perdidas no aprisco da Igreja.

Líderes de movimentos, fundadores de comunidades, sacerdotes, pais de família são, por excelência, pastores de almas. E, por mais que a ovelha esteja "saindo dos trilhos", o autêntico pastor nunca as quer longe.

E um detalhe: verdadeiros pastores querem ver suas ovelhas bem melhores que ele. É para isso que o pastor vive: para direcionar suas ovelhas, descobrir seus dons e nunca, mas nunca as ferir com opiniões pessoais.

Pastores não conseguem poupar suas ovelhas de dores e lágrimas. E nem podem fazer isso. Mas eles são chamados a uma Misericórdia tão ampla, que servem de consolo para seus pobres "bichinhos".

Ovelhas não ficam com seus pastores por medo. Ficam por amor. Ficam porque conhecem aquele colo, aquele cheiro, aquele "jeito de cuidar".

Que O Senhor nos capacite a sermos verdadeiros pastores deste tempo. De maus pastores estamos cheios. De bons pastores, só O Senhor Deus pode oferecer.


 

Silvinho Zabisky

Coordenador do Ministério de Artes da Diocese de São Carlos/SP

Fundador da Comunidade BEatitudes